segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ano letivo começa com obras na escola

Escola de São Firmino vai ser inaugurada na véspera das eleições mas, até lá, os alunos têm aulas no meio das betoneiras. No primeiro dia, a professora levou com um tijolo na cabeça e teve de ser um trolha a ensinar os alunos.

Afonso Gonçalo, do 1.º ano, foi o vencedor do concurso de desenho sobre o regresso às aulas

É a confusão total na EB 1 de São Firmino. As obras atrasaram-se e, por causa disso, os alunos têm aulas no meio de um autêntico estaleiro.
“É um perigo! Logo no primeiro dia de escola a professora levou com um tijolo na cabeça e quem acabou de dar a aula foi o Tino Trolha. O meu Márcio chegou a casa a dizer que aprendeu a abrir garrafas de Super-Bock com os dentes. Se era para lhe ensinar coisas dessas, ao menos que fosse a abrir garrafões de vinho, que o meu marido não bebe cerveja”, disse ao nosso jornal a Mónica da tinturaria.
Mas as queixas não ficam por aqui. Alguns pais estão revoltados porque a Junta deixou de servir o lanche da manhã às crianças e, por isso, o pessoal das obras decidiu ajudar e leva-os ao café, comer Bolicaos e beber finos com Martini.
“E não é só isso. Os moços têm aulas sem condições nenhumas: em vez das mesas estão a trabalhar em cima de tábuas – ainda no outro dia ligaram uma serra, sem querer, e cortaram um caderno a meio –, se for preciso afiar um lápis têm de pedir uma rebarbadeira ao mestre de obras e, pior ainda, os trolhas estão sempre a pedir-lhes emprestados os Magalhães para falarem com as moças no Facebook”, contou o Natário das alcatifas.

Além disso, os pais queixam-se dos trabalhos de casa, principalmente os exercícios de matemática, como este que tiveram de resolver na semana passada: “A obra de reabilitação da escola foi adjudicada por 250 mil euros, mas o custo real dos trabalhos vai ser de 120 mil. Quanto dinheiro vai ser metido ao bolso pelo construtor e pelo presidente da Junta?”.
Mas o pior é mesmo a língua portuguesa. Como o pessoal das obras está sempre a cantar alto, os alunos não ouvem as professoras e, quando é para fazer ditados, passam a aula a escrever as letras das músicas do Quim Barreiros.


© Paulo Jorge Dias 

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