terça-feira, 24 de outubro de 2017

Incêndio destrói por completo a sex-shop de São Firmino

Era um dos ex-libris da nossa aldeia, mas ficou reduzido a cinzas. Um brinquedo erótico deixado a trabalhar durante várias horas entrou em sobreaquecimento e pegou fogo, destruindo por completo uma loja que atraía visitantes de todo o Vale de Vizela. Os 12 funcionários temem agora ficar no desemprego.

No combate às chamas, uma boneca insuflável rebentou e queimou os bigodes
ao bombeiro Zé Manel Fogareiro.


O incêndio foi combatido por 50 homens do corpo de Bombeiros de São Firmino, apoiados por um auto-tanque, uma auto-escada, o mata-velhos do comandante, dois carros de bois e uma roulote de cachorros, para dar de comer ao pessoal que se juntou para ver o fogo e dar o orçamento dos estragos.

Não se sabe ao certo o que terá estado na origem do incêndio, mas suspeita-se que um dos brinquedos sexuais vendidos na loja tenha entrado em sobreaquecimento, depois de ter sido deixado a trabalhar toda a noite, para fazer a rodagem.

“Ora bem, o fogo começou na oficina, que é onde a gente faz a reparação do material que o cliente vem devolver. E, por um acaso, ontem à noite a gente esteve aí a trabalhar num vibrador novo, em forma de salpicão, que vinha com potência a mais. Diz a dona que até abria rachadelas na parede e tudo”, disse Eugénio Piripiri, proprietário do estabelecimento.

A sex-shop Mouro & Grelo era um dos principais polos de atração da nossa freguesia, pois vinha gente de todo o Vale de Vizela para comprar os vários artigos eróticos que não se encontravam em mais lado nenhum. Os outros comerciantes temem que o fecho da loja lhes prejudique o negócio, como é o caso da Zirinha dos Diospiros, que tem uma frutaria mesmo em frente: “Sabe, a gente sempre ganhava algum. Muitas vezes o povo saía de lá da sex-shop desconsolado, porque já não havia o artigo que eles queriam e, olhe, levavam daqui uma bananita ou uma courgette para fazer o mesmo efeito”.

Em causa estão agora 12 postos de trabalho, mas o proprietário já disse que vai tentar arranjar uma solução: “Eu a bem dizer arranjo colocação para todos. O pior é o moço que a gente tinha lá a encher bonecas insufláveis. Não se arranja emprego com facilidade a uma pessoa que passa o dia a bufar... só se for para aqueles parques eólicos dar bufadelas para pôr as ventoinhas a trabalhar”.

O estabelecimento já tinha sido alvo de protestos por parte do Padre Ferreira, que acusou a sex-shop de ser um antro de pecado e chegou a ameaçar chegar lume à loja. Mas a hipótese de sabotagem está posta de parte. “À hora do incêndio, o Camilo Sacristão foi visto na zona a carregar um jerrican, mas disse que foi porque ficou sem gasóleo na motorizada e a gente acreditou porque ele não costuma mentir, tirando aquelas duas vezes em que foi apanhado a roubar vinho da missa”, explicou o comandante dos Bombeiros, Zeferino Ventura.

No combate às chamas, um bombeiro ficou ferido devido à explosão de uma boneca insuflável, que tinha sido enchida com hélio – um gás altamente inflamável – para flutuar como os balões. “Ò amigo, eu no meio daquela fumarada toda só vi um corpo de senhora todo despido e, claro, agarrei-me logo a ela a fazer respiração boca a boca. De repente, olhe, parus!!! Aquilo rebentou e eu fiquei todo queimadinho na cara e lá se foi o meu bigode, que tinha tanta estima nele”, contou o Zé Manel Fogareiro.

Transportado para o Posto Médico de São Firmino, o bombeiro foi assistido pela Dra. Zéza dos Brufénes, que procedeu a uma intervenção delicada, que durou várias horas e contou com a ajuda da Goretti Cabeleireira. “Ora bem, a gente para substituir o bigode, que ficou completamente queimado, foi necessário proceder a um implante de cabelos que fomos tirar ao sovaco do paciente”, explicou a diretora do Posto Médico.

O combate às chamas acabou por demorar mais tempo do que estava previsto, uma vez que o fogo alastrou à horta do vizinho Toni Chanaça, onde cultivava umas ervas que, segundo ele, “são para fazer um chá muito bom para a vesícula”. A nuvem de fumo daí resultante provocou um ataque de riso nos bombeiros, que passaram meia hora deitados no chão a contar as estrelas e depois voltaram para apagar o incêndio em tronco nu e ao som da música dos Xutos e Pontapés.

© Paulo Jorge Dias

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